terça-feira, 26 de junho de 2012

Procura-se: pessoas com CARÁTER!



Procura-se: pessoas com CARÁTER!

Uma reflexão sobre como nossas atitudes podem acrescentar ou destruir o que ensinamos
psicologia define caráter como “o termo que designa o aspecto da personalidade responsável pela forma habitual e constante de agir peculiar a cada individuo; esta qualidade é inerente somente a uma pessoa, pois é o conjunto dos traços particulares, o modo de ser desta; sua índole, sua natureza e temperamento. O conjunto das qualidades, boas ou más, de um indivíduo lhe determina a conduta e a concepção moral; seu gênio, humor, temperamento, este, sendo resultado de progressiva adaptação constitucional do sujeito às condições ambientais, familiares, pedagógicas e sociais” (Fonte: Wikipédia).

Segundo o teólogo e escritor Oswald Chambers, “caráter é o que prevalece de modo geral, não algo que se manifesta ocasionalmente” (Dietz, Frank. A pessoa que Deus usa, 2000, Descoberta Editora, Curitiba). Sendo assim, podemos dizer que tudo vem do caráter e Deus procura homens e mulheres de caráter. Mas não nascemos com ele, pelo contrário, nós o fazemos.

O caráter é algo completo, complexo, e não podemos julgar uma pessoa por atitudes isoladas, temos que avaliar todo o contexto de sua vida. Mesmo nascendo de novo, aceitando Jesus, nosso caráter permanece, não é trocado por um novo, o que ele pode ser é trabalhado e moldado por Deus, através da atuação direta do Espírito Santo, para se ajustar ao caráter de Cristo, isso se a pessoa estiver disposta a pagar o preço.

Em 1 João 2.12-14, temos um bom exemplo sobre caráter. São apresentados a nós três tipos de pessoas: crianças, jovens e pais. Ao analisarmos essas pessoas, vemos que elas se distinguem não apenas em idade, mas em maturidade. As crianças estão satisfeitas e felizes com suas posses, e isso é facilmente notado quando estão brincando. Por mais brinquedos que, elas querem sempre os mesmos e chegam, inclusive, a brigarem entre si para ficar com determinado objeto. Tudo isso reflete o comportamento possessivo delas, típico de sua faixa etária.

Os jovens, por sua vez, se satisfazem com suas realizações. São cheios de sonhos e têm uma grande gana de conquistarem, serem bem sucedidos na vida, sobretudo materialmente. Porém, os pais se satisfazem com sua experiência, maturidade, vivencia. Eles se alegram e se regozijam com aquilo que são ou, colocando de uma outra maneira, com o seu caráter.

É preciso compreender em qual nível estamos, com qual tipo de pessoa nos assemelhamos. Importante é não esquecer que o caráter se faz ao longo dos anos. Portanto, se você ainda é jovem, saiba como deixar Deus trabalhar para que você alcance a plena maturidade, sabendo que o caráter deve ser lapidado até encontrar a sua melhor forma: a forma de Cristo.


Como Deus olha

É isso que o apóstolo Paulo diz para Timóteo procurar nos obreiros das Igrejas. Em 1 Timóteo 3.2, ele inicia dizendo esse homem “deve ser” e, no decorrer do texto, relata quais as características necessárias a ele. Mas, afinal, o que Paulo quer dizer com “deve ser”? Ele está falando de caráter. Um dos grandes problemas que enfrentamos em nossas igrejas hoje em dia é a falta de material humano qualificado para o serviço do Senhor, pois temos muitos membros, obreiros, líderes, pastores que obtêm todas as características materiais para desenvolver um grande trabalho, mas lhes falta o caráter interior para isso.

Se quisermos verdadeiramente ser bons servos, devemos ter muito mais do que títulos, diplomas, emblemas, cursos, graus. O que precisamos, acima de tudo, é sermos pessoas de caráter.

Outro texto que exemplifica bem isso se encontra em 1 Samuel 16.7. O rei Saul havia sido rejeitado por Deus por sua desobediência, dentre outras falhas graves que ele cometera em seu reinado, conseqüências de seu mau caráter que o levaram a agir erroneamente. Deus manda que o profeta Samuel fosse até a casa de Jessé para ungir o novo rei de Israel. Porém, Samuel estava cometendo um grave erro, estava olhando para o exterior, não para o interior, por isso Deus o adverte a olhar como Ele olha.

Davi não estava sob os refletores, não estava cotado, só foi apresentado a Samuel depois que este pergunta a seu pai se ele não tinha mais filhos.
Davi estava no campo, sozinho com Deus, passando por um delicado e difícil processo de formação de caráter. Talvez Davi, não fosse o mais bonito, o mais forte, o mais inteligente, contudo ele era um jovem que possuía caráter, tanto que ficou como o “homem segundo o coração de Deus”.

Frank Dietz, em seu livro A pessoa que Deus usa, diz: “Caráter não se cria em um tubo de ensaio, não se aprende em sala de aula, não se adquire lendo um livro sobre o assunto. O caráter é desenvolvido nas dificuldades e nas pressões da vida”. Deus usa as dificuldades para trabalhar em nossas vidas e nos levar para mais perto dEle. Usa essas circunstâncias difíceis para moldar nosso caráter à semelhança do caráter de Cristo.

Segundo Billy Graham, “a vida, na melhor das hipóteses, é cheia de problemas”. Se estamos cheios do Espírito Santo e vivemos cada dia no Espírito, Ele nos guiará por esses períodos atribulados e fará em nós o trabalho que Ele quer. Entretanto, temos que entender o que Deus está fazendo em nossas vidas.

Paulo escreve em Romanos 5.3: “Nos gloriamos nas tribulações”. Por que? Porque, diz ele?, “sabemos” o que elas produzirão. A pressão do dia-a-dia produz paciência e perseverança, a perseverança produz caráter e este, esperança, e é dessa maneira que Deus forma em nós o caráter que Ele quer.


Falar e agir

Muitas vezes cometemos um grande erro: o de querer falar como as coisas devem ser e agir de forma diferente. No popular: “Faça o que eu digo, mas não o que eu faço”. As pessoas não querem ouvir, elas querem ver, e isso aconteceu por meio de Jesus.

Deus não ficou lá do céu gritando o que teríamos que fazer ou não para obtermos a salvação. Antes, Ele enviou seu Filho para que nós pudéssemos ver. Jesus, quando ressuscitou, não mandou espalhar que Ele estava vivo, Ele apareceu para os discípulos, se deixou ver, conviveu alguns dias com eles.

Francisco de Assis disse uma frase muito linda e verdadeira: “Pregue o evangelho e, se preciso for, use palavras”. A sua vida revela muito mais do que você pode falar.

Certa vez, Mahatma Gandhi, o grande líder hindu, encontrou-se com um missionário e contou-lhe que era um grande admirador dos ensinamentos de Jesus, e foi além, disse que se ele encontrasse com um cristão que vivesse como Cristo viveu, ele se tornaria um cristão. Até onde sabemos, Gandhi morreu hindu.

Era isso que Jesus ensinava aos seus discípulos. Se olharmos para o Sermão do Monte, nos capítulos 5 a 7 de Mateus, veremos como fica bem evidenciado. As bem-aventuranças são formas de conduta, de caráter, de postura que o cristão deve ter, e Ele estava ensinando isso aos seus discípulos. Mas, havia uma multidão atenta a tudo o que o Mestre dizia, trazendo uma responsabilidade a mais para os seus seguidores. Embora o ensino fosse inicialmente para os discípulos, as pessoas do mundo estavam ouvindo, estavam atentas e estariam olhando para ver se os discípulos agiriam de acordo com o que Jesus ensinara. Esse é um ponto importante.

Estamos no mundo para guiá-los, levá-los das trevas para a luz, darmos o exemplo de como viver uma vida irrepreensível, porém temos nos tornado uma voz que ninguém mais dá atenção. As pessoas não querem mais ouvir, elas querem ver, e o caráter se expressa na conduta e não nas palavras.

Quando o mundo olha para Igreja de Cristo, o que ele tem visto? Quando as pessoas olham para nós, o que elas têm visto? Que Deus nos abençoe e nos derrame sua graça para sermos verdadeiros homens de caráter. Não apenas bons, mas que tenhamos o caráter de Cristo estampado em nossas vidas, a ponto de dizermos como o apóstolo Paulo disse em 1 Coríntios 11.1: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo”.


Por Eduardo Molina, presbítero da Assembléia de Deus de Porto Alegre (RS), Distrito Partenon, professor da Escola Dominical e do Instituto Bíblico Esperança.

Fonte: Revista Ensinador Cristão – Ano 08 Nº32

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