sábado, 7 de julho de 2012

CENSO DO IBGE AFIRMA: EVANGÉLICOS MAIS! CATÓLICOS MENOS!

A população evangélica do Brasil cresceu, chegando a 22,2% da população em 2010, segundo resultados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2010 divulgados nesta sexta-feira.
MensagemAssunto: Número de evangélicos aumenta 61% em 10 anos, aponta IBGE   Sex Jun 29, 2012 3:28 pm

Os católicos diminuíram 1,3% entre 2000 e 2010, segundo o Censo.
Mas o país segue de maioria católica, com 123,2 milhões de pessoas.

O número de evangélicos no Brasil aumentou 61,45% em 10 anos, segundo dados do Censo Demográfico divulgado nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2000, cerca de 26,2 milhões se disseram evangélicos, ou 15,4% da população. Em 2010, eles passaram a ser 42,3 milhões, ou 22,2% dos brasileiros. Em 1991, o percentual de evangélicos era de 9% e, em 1980, de 6,6%.

Mesmo com o crescimento de evangélicos, o país ainda segue com maioria católica. Segundo o IBGE, o número de católicos foi de 123,3 milhões em 2010, cerca de 64,6% da população. No levantamento feito em 2000, eles eram 124,9 milhões, ou 73,6% dos brasileiros. A queda foi de 1,3%.

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A queda do percentual de católicos é histórica, de acordo com o instituto. Até 1970, em quase 100 anos, a queda foi de 7,9 pontos percentuais: o número de católicos em 1872 (ano do primeiro Censo) representava 99,7% da população e passou a 91,8% em 1970.

O Nordeste ainda mantém o maior percentual de católicos, com 72,2% em 2010. Apesar de ser a região do país com maior concentração do grupo religioso, a população nordestina católica sofreu queda. Em 2000, o percentual era de 79,9%. No Sul, o IBGE também identificou redução do percentual de católicos, saindo de 77,4% para 70,1% nos censos de 2000 e de 2010, respectivamente.

A maior redução foi registrada pelo instituto no Norte, passando de 71,3% da população em 2000 para 60,6% em 2010.

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O IBGE registrou que, ao mesmo tempo em que o número de católicos caiu no Norte e no Nordeste, o número de evangélicos cresceu com maior volume nas duas regiões. A representatividade no Norte saiu de 19,8% (2000) para 28,5% (2010). No Nordeste, o aumento de evangélicos foi menor, saindo de 10,3% para 16,4%, se comparados os Censos de 2000 e de 2010, respectivamente.
No estado do Rio de Janeiro, o percentual de católicos é 45,8% da população em 2010, o menor do país, segundo o IBGE. No estado também foi registrada a maior concentração de espíritas com 4%; seguido de São Paulo, com 3,3%; Minas Gerais, com 2,1%; e Espírito Santo, com 1%.
No Piauí, o percentual de católicos foi o maior, com 85,1% da população do estado. A proporção de evangélicos foi maior em Rondônia, com 33,8%. A menor foi registrada no Piauí, com 9,7%.
O IBGE registrou que 15 milhões de pessoas se declararam sem religião no Censo de 2010, o que representa 8% dos brasileiros. Em 2000 eram 12,5 milhões, o equivalente a 7,3% da população.
O Censo 2010 também apontou que 31,5% dos espíritas têm nível superior completo, apenas 1,8% das pessoas não têm instrução e 15% têm ensino fundamental incompleto. Outros 1,4% dos espíritas não são alfabetizados.
Os católicos têm 6,8% das pessoas sem instrução e 39,8% com ensino fundamental incompleto. No grupo dos que se declaram sem religião o percentual de pessoas sem instrução é de 6,7% e outros 39,2% têm ensino fundamental incompleto. Entre os evangélicos o percentual chega a 6,2% (sem instrução) e a 42,3% (com ensino fundamental incompleto).
A Marcha para Jesus 2012 aconteceu no Centro do Rio de Janeiro, Brasil, neste sábado, reunindo cerca de 250 mil pessoas, segundo a polícia militar. Ela defendeu temas como a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, da família tradicional (entre homem e mulher) e da vida.
Em 30 anos, o percentual de evangélicos passou de 6,6% para 22,2% da população, sendo o segmento religioso que mais cresceu no Brasil, no período intercensitário, informa a pesquisa. Em 1991, o percentual era de 9,0%, em 1980 de 6,6%.
Os evangélicos chegaram assim a 42,3 milhões no ano de 2010, um aumento de 16 milhões de pessoas desde 2000, quando foi realizado o último Censo.
Por outro lado, como já havia sido apontado em outras pesquisas demográficas, a população católica diminuiu passando de 73,6% em 2000 para 64,6% em 2010. A igreja católica vem mostrando queda desde o primeiro Censo, realizado em 1872.
A redução do número de católicos ocorreu em todas as regiões, sendo a maior redução ocorrida na região Norte do país, de 71,3% para 60,6%. Nessa região, os evangélicos aumentaram de 19,8% para 28,5%.
A maior concentração de evangélicos encontrou-se no estado de Rondônia com 33,8% e a menor no Piauí com 9,7%. O maior percentual de católicos foi no Piauí com 85,1% e a menor no estado do Rio de Janeiro com 45,8%.
O número de pessoas que se decararam sem religião também aumentou de 7,3% em 2000 para 8,0% em 2010.
A pesquisa também abordou a proporção com relação ao sexo, educação, raça e idade.
Segundo o estudo, os homens estão em maior proporção entre os católicos e sem religiões com proporções de 65,5% para homens e 63,8% para mulheres, e 9,7% para homens e 6,4% para mulheres), respectivamente.
Com relação à idade, verfica-se que a proporção de católicos foi maior entre pessoas com mais de 40 anos. Enquanto entre os evangélicos houve a maior proporção de crianças (25,8% na faixa de 5 a 9 anos) e adolescentes (25,4% no grupo de 10 a 14 anos).
Os evangélicos apresentaram ainda maior proporção de pardos entre eles (45,7%), enquanto os católicos tiveram uma proporção maior de brancos, 43,0%.

Na última década, a Igreja Católica teve uma perda sem precedentes na História, embora continue a religião majoritária do País. Além da queda recorde na proporção de fiéis, a população católica encolheu pela primeira vez em números absolutos. Dados do Censo divulgados ontem mostram que em 2010 havia quase 1,7 milhão de católicos a menos que em 2000. Em média, a Igreja perdeu 465 fiéis por dia.
Dados do Censo indicam que o total de católicos diminuiu 1,4%, enquanto a população brasileira aumentou 12,3%. Em 2010, havia 123,2 milhões de católicos no País; em 2000, eram 124,9 milhões. Em dez anos, a comunidade católica perdeu uma população equivalente à de Curitiba.
Em 2010, 64,6% da população brasileira era católica. Houve uma queda de 12,2% em relação aos 73,6% de 2000, a maior perda proporcional desde o início da contagem da população, em 1872. Há 50 anos, a religião católica tinha predomínio absoluto, com 93% da população. Se for mantido o ritmo da última década, em 20 anos os católicos serão menos da metade da população.
O crescimento dos evangélicos é a maior causa da queda dos católicos, embora também tenham crescido os brasileiros que se declaram sem religião e os de religiões minoritárias, como o espiritismo.
Divididos em três grandes categorias, os evangélicos seguem crescendo, mas em ritmo bem menor que na década anterior e chegaram a mais de um quinto da população brasileira, com 22,2%, ou 42,2 milhões de fieis. Houve um aumento em números absolutos de 16 milhões de evangélicos entre 2000 e 2010 - ou 4.383 novos fiéis por dia.
O aumento dos evangélicos é puxado pelos pentecostais, principalmente os da Assembleia de Deus, e por um novo fenômeno do mundo evangélico, o fiel "independente", que segue a religião, mas não se vincula a nenhuma igreja específica. A pulverização dos evangélicos acompanha o surgimento de novas igrejas a cada dia.
Diversificação. "Não existe uma inversão da sociedade católica para a protestante. O que se vê é um processo mais agudo de diversificação. O brasileiro não tem mais constrangimento de dizer que não é católico. A diversificação da sociedade, a modernização e o acesso a novas tecnologias fazem com que as pessoas tenham mais liberdade para dizer 'sou sem religião'. Mas essa afirmação de identidade tem caráter muito fluido. A religião passa a ser um aspecto da vida social, onde é permitido experimentar. Com isso, católicos e protestantes tradicionais ficam mais vulneráveis", diz a professora e pesquisadora da religião Sílvia Fernandes, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Os evangélicos tradicionais (de missão), de igrejas históricas trazidas ao Brasil pela imigração europeia, como luterana, presbiteriana, batista e adventista, entre outras, cresceram em números absolutos, mas estão estagnados na proporção em relação à população. Eram 4,1% dos brasileiros em 2000 e agora são 4%. O número de luteranos e presbiterianos diminuiu na última década.
No conjunto da população, evangélicos pentecostais, católicos e sem religião são os que têm menor renda e menor escolaridade. Os espíritas e os evangélicos tradicionais se destacam por terem mais anos de estudo. Os espíritas têm renda bem superior aos demais.
Professor de antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ronaldo de Almeida acredita que a Igreja Católica perde fiéis em quantidade, mas os que ficam são mais convictos. "O que está perdendo é o catolicismo tradicional: você não sabe muito o que dizer, diz que é católico. Não sabe o que fazer com seu filho, põe na catequese. Mas, se ele começar a usar drogas, vai para uma evangélica. O catolicismo perde gordura, mas se fortalece também. Eu não apostaria em fragilidade do catolicismo. Ao ficarem mais convictos, os católicos ficam mais parecidos com os evangélicos", diz o pesquisador.
Aparentemente, o crescimento dos padres cantores, que arregimentam multidões de católicos, ainda não surtiu efeito no objetivo de trazer novos fieis. "Os padres cantores têm um fator de atração, sim. Vendem muitos CDs. Mas há um dado interessante. Não é o caso do padre Marcelo Rossi, mas o padre Fábio de Melo atrai gente de todas as religiões", diz Sílvia Fernandes. 
LUCIANA NUNES LEAL, CLARISSA THOMÉ / RIO

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